[Texte en portuguais. Merci au traducteur anonyme.]
Eu, Normand Baillargeon, vosso primo afastado do Quebec, eu sou, no meu verde país, professor de anarquia…Ou quase…Lições e anarquia parecem-vos uma contradição? Nem Deus nem Senhor e ainda menos Lições, proclamam os velhos anarquistas. Ok, tudo bem, mas não vos esqueceis daqueles que nada sabem do assunto. Então, para os neófitos, proponho um pequeno e breve curso destinado aos que nunca viram a vida segundo a perspectiva da cor do anarquismo. Para os outros, trata-se apenas de uma ocasião para rever a matéria dada!
Imaginais uma desordem mundial, um caos terrível, uma confusão monstruosa. Será que vocês estariam por lá?
O primeiro jornalista que aparecesse falaria espontaneamente de anarquia para descrever a cena. Neste tipo de situações, a reacção é sempre a mesma.
Mas a verdade é que essa reacção resulta de uma pura atitude de anarcofobia.
Balelas! - dirão, porém, os anarquistas, de que briosamente faço parte.
O anarquismo designa uma tendência própria do pensamento social, político e económico moderno. Defende uma convergência possível e desejável entre o socialismo e o seu princípio de igualdade, e o liberalismo e o seu princípio de liberdade.
O anarquismo procura realizar esta síntese ambiciosa quer na autogestão económica quer na democracia participativa.
Através da primeira ele recusa o lucro e a organização hierárquica do trabalho, preconizando a solidariedade e a igualdade. Partilha das riquezas, mais do que de um leque de opções ( stock-options). Através da segunda, ele rejeita a ideia de delegação e defende a participação directa das pessoas no processo de tomada das decisões.
Os anarquistas distribuem-se por diversas tendências – há os que são individualistas, colectivistas, mutualistas, sindicalistas, e outros mais. Mas todos eles têm a sabedoria de desconfiar dos planos de organização social e económica, demasiadamente rígidos e definitivos, assim como dos conceitos absolutos. Rejeitam admitir um limite aos arranjos sociais e às condições desejáveis da vida humana, uma vez que eles pensam que, em condições de real liberdade, a sua expressão será cada vez melhor.
Os anarquistas pensam então que a liberdade, como nunca deixou de acontecer, inventará constantemente novas soluções para os problemas, e que a sua extensão permitirá cada vez mais a denúncia das formas de dominação, que não deixarão de também de se revestir sob modalidades inéditas à medida que os tempos passam.
Só isso? Quase.
Sim, porque o anarquismo luta também contra tudo aquilo que contribui para impedir que as pessoas assumam elas próprias o seu próprio destino, e, além disso, desafia-nos para que se comece, desde já, a construir a primícias de uma sociedade mais livre e igualitária do amanhã.
O anarquismo significa ainda a rejeição, pela acção directa, daquelas instituições que procuram dominar, sujeitar e matar aquilo que Bakunine chamava «o nosso instinto de liberdade», e que buscam incutir a docilidade, a passividade e a submissão. Como não é difícil de adivinhar, nos tempos que correm, há muito por fazer para quem, como nós, chega às estas conclusões. Por isso, o anarquismo é, na minha opinião, a única alternativa válida face à catástrofe universal para que nos querem empurrar e que significa, ela sim, o autêntico caos que devemos duvidar e combater.
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